Por Jonathan Stempel
NOVA YORK (Reuters) - Eles usam roupas folgadas, bonés de beisebol virados para trás e escrevem letras apimentadas. E, hoje em dia, os rappers também usam solidéus.
A música hip-hop, que cresceu para além dos guetos negros, não costuma ser associada aos judeus, mas conforme o gênero ia se popularizando, alguns artistas judeus aderiram ao rap, embora transcendendo as diferenças teológicas e étnicas.
Os Hip Hop Hoodios, de Nova York, cujo nome é uma brincadeira com a palavra espanhola para judeus, é um grupo latino-judaico que já gravou em inglês, espanhol e hebreu. Suas letras incluem frases sarcásticas como: "My nose is large, and you know I'm in charge" (Meu nariz é grande, e você sabe que estou no comando).
Um popular cantor hassídico de 26 anos, Matisyahu, faz raps com um chapéu de brim e um terno escuro sobre batidas reggae.
Especialistas dizem que o hip-hop pode atrair audiências de vários cenários, incluindo judeus, e ainda manter sua originalidade.
"É impossível separar esse fenômeno de um movimento realizado por judeus nos anos 1930 para explicitamente identificá-los como judeus em uma cultura popular americana", disse Joel Schalit, editor da revista Tikkun, que gosta de dois artistas israelenses, Sagol 59 e HaDag Nahash.
"O que poderia ser novo é que mais artistas estão destacando seu judaísmo em seu trabalho e marketing."
Um exemplo: Chutzpah, cujo primeiro single, de um CD homônimo, é "Chanukah's Da Bomb".
"Muita gente pensa que porque 'Chanukah's Da Bomb' é o single, é só para judeus", disse o integrante de 44 anos do grupo, David Scharff. "É como dizer que Woody Allen é para judeus. Ele é para todo mundo."
Chutzpah trilha a linha entre a seriedade e a sátira. Paródias em hip-hop judeu são comuns. Entre elas, o 50 Shekel é uma imitação do 50 Cent. M.O.T., conduzida por Meshugge Knight, uma paródia do Suge Knight.